Feira mostra oportunidades para estudos no Canadá

País mantém há 15 anos posição de principal destino dos estudantes brasileiros que buscam instituições no exterior

Por Sérgio Siscaro

As limitações impostas pelo distanciamento social não impediram a realização da edição deste ano da feira EduCanadá. Organizada pelo governo canadense, ela reuniu, em formato virtual e gratuito, mais de 50 instituições de ensino do país, que puderam mostrar aos participantes em 24 de setembro as principais vantagens de se planejar uma trajetória de estudos do Canadá.

A feira proporcionou informações sobre as diferentes modalidades de ensino disponíveis – de idiomas, ensino médio, graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e cursos técnicos. Os mais de 3.200 participantes brasileiros puderam ainda ter suas dúvidas respondidas por representantes das instituições presentes e autoridades dos governos federal e de províncias canadenses, obtendo informações tanto sobre as escolas e os programas disponíveis quanto sobre os procedimentos relacionados à emissão de vistos para estudantes.

O sucesso da EduCanadá está diretamente relacionado à imagem bastante positiva do Canadá junto aos estudantes brasileiros. Esta percepção se reflete na pesquisa anual realizada pela Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), entidade que reúne instituições brasileiras que atuam no mercado de intercâmbio estudantil. Sua última edição, lançada em setembro, mostrou que, em 2019, o Canadá ocupou novamente o primeiro lugar entre os principais destinos dos estudantes brasileiros – posição que ocupa há 15 anos. Em termos de preferência, o país superou, no ano passado, Estados Unidos, Irlanda, Reino Unido e Austrália, que se posicionaram do segundo ao quinto lugar no ranking.

Destino preferido

O fato da escolha ter recaído novamente no Canadá deve-se ao fato de o país se beneficiar dos principais fatores que influem na decisão dos estudantes: a qualidade de vida, a facilidade na obtenção de visto, o uso do inglês para comunicação, o ambiente multicultural e a paridade cambial favorável. Mas um fator-chave nessa decisão é o alto nível do sistema educacional canadense. Na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), lançado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no ano passado com resultados relativos a 2018, o Canadá obteve notas superiores à média dos países que compõem o grupo em leitura, matemática e ciências. Além disso, o estudo apontou que as instituições canadenses dispõem de mais recursos materiais e pessoal do que a média dos outros países da OCDE.

De acordo com a comissária de Comércio (Educação) no Consulado Geral do Canadá em São Paulo, Fernanda Albano, essa posição de ponta contribui para a atratividade do país. “Para mencionar alguns números: 14 universidades canadenses estão ranqueadas entre as 300 melhores do mundo, segundo o mais recente levantamento da Times Higher Education; e três MBAs estão entre os 100 melhores, de acordo com o Financial Times Global MBA Rankings de 2020. Além disso, o relatório de “Melhores Países” do US News & World Report coloca o Canadá dentre os três melhores no quesito “educação”, e primeiro em qualidade de vida.” Ela salienta ainda a importância do bilinguismo do país, que abre aos estudantes internacionais a possiblidade de estudar tanto em inglês ou francês.

De acordo com a comissária, os estudantes brasileiros que escolhem o Canadá se interessam por todos os níveis – médio, universitário ou de extensão. “O país é o principal destino dos brasileiros para cursos de inglês e de high school, e segundo para cursos de francês – atrás apenas da França. As instituições de ensino pós-secundário (colleges e universidades) também são bastante populares; os brasileiros buscam desde cursos curtos, mais voltados ao mercado de trabalho, até programas acadêmicos com oportunidades para pesquisa”, complementa.

A preferência pelo Canadá não foi afetada pela pandemia do novo coronavírus, que levou o país a impor restrições de viagens. A pesquisa da Belta não apenas confirma essa escolha, mas também mostra existir a percepção de que o Canadá é um exemplo em termos de protocolos de controle da Covid-19, segurança sanitária e infraestrutura para recepção de estudantes internacionais, além de recursos tecnológicos de suporte para aulas online.

Aproximação bilateral

Com a finalidade de estimular o intercâmbio entre Brasil e Canadá na área educacional, a Comissão de Educação da CCBC tem se dedicado a aproximar organizações dos dois países, ligadas à educação básica, superior ou estendida. O grupo, coordenado desde o início de 2020 pelo diretor de marketing da Maple Bear Canadian School, Rafael Mangini, tem organizado também diversas iniciativas para disseminar informações sobre o contexto educacional canadense e brasileiro, utilizando webinars para tratar de temas relevantes para o setor.

“Nosso propósito é capacitar as pessoas por meio da construção de pontes com empresas e instituições de ensino. Em uma pesquisa interna, identificamos os principais gargalos existentes nas empresas – tais como a necessidade de profissionais de marketing familiarizados com tecnologias mais recentes, ou a demanda por reforço no conhecimento básico de idiomas – não só inglês e francês, mas também português, para profissionais mais iniciantes. Também encontramos uma forte necessidade pela capacitação desses funcionários em habilidades sócio-emocionais”, afirma Mangini. Com base nesses resultados, a Comissão de Educação está desenvolvendo um projeto por meio do qual 75 instituições de ensino, principalmente do Canadá, poderão contribuir para sanar os pontos encontrados pela pesquisa por meio de parcerias.

De acordo com o coordenador, eventos como a EduCanadá mostram como o Canadá é um país acolhedor e acessível para estudantes do exterior. “Estudar lá é mais fácil do que as pessoas imaginam. Uma experiência de estudos no Canadá tem o potencial de transformar a vida de uma pessoa”, conclui.