Primeiros nove meses de 2022 são marcados pelo incremento das exportações brasileiras de produtos manufaturados ao Canadá e das importações de fertilizantes daquele país
Por Sérgio Siscaro
O Brasil aumentou suas importações do Canadá entre janeiro e setembro deste ano – mas também manteve suas exportações ao país em um patamar elevado, demonstrando assim a intensificação das trocas comerciais entre os dois países. De acordo com dados da última edição do estudo Quick Trade Facts, elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) com base nos dados da balança comercial brasileira, a corrente comercial (ou seja, a soma entre exportações e importações) atingiu um total de US$ (FOB) 8,2 bilhões no período – o que representa uma alta de 62,1% na comparação com os US$ (FOB) 5,058 bilhões registrados entre janeiro e setembro de 2021.
De acordo com o presidente da CCBC, Ronaldo Ramos, esta intensificação do comércio bilateral registrada ao longo de 2022 veio para ficar. “Nunca se viu, em toda a história comercial entre Brasil e Canadá, uma relação tão profunda como a atual. O Canadá está agora na mira das empresas que não apenas querem se internacionalizar, como também expandir os negócios e criar bases de operações na América do Norte”, avalia.
Para ele, essa expansão se comprova pela realização de eventos e feiras em diversos setores, que têm estimulado investidores brasileiros a conhecerem o ecossistema de inovação canadense e a compartilharem conhecimentos e ideias, “firmando assim novas parcerias e acordos comerciais”.
Intercâmbio em alta
As exportações brasileiras ao mercado canadense nos três primeiros trimestres apresentaram uma elevação de 14%, alcançando o montante de US$ (FOB) 3,9 bilhões. Os principais produtos foram de indústrias extrativistas, com destaque para as de mineração – incluindo metais comuns, preciosos, e pedras preciosas e óleos minerais, além de borracha e madeira. Mas a pauta de vendas ao mercado canadense também incluiu itens do agronegócio, tais como açúcar, café e frutas; e produtos manufaturados, como maquinários e motores elétricos.
De forma geral, observou-se uma elevação na participação de produtos manufaturados, de maior valor agregado, que passou de 34,9% para 45,1% – o que se deve ao aumento nas vendas de alumina calcinada e de combustíveis minerais.
No sentido inverso, as importações do Canadá totalizaram US$ (FOB) 4,27 milhões, ou 164% a mais que o registrado entre janeiro e setembro do ano passado. Aqui o destaque foi para as indústrias químicas, com um aumento na compra de cloretos de potássio, utilizados como fertilizantes – cujo fornecimento normal ao mercado nacional foi afetado pela invasão russa à Ucrânia, no início do ano.
Também figuraram compras de produtos plásticos e farmacêuticos, e houve um incremento na importação de maquinários e instrumentos diversos para indústria, assim como de produtos hortícolas, como lentilhas. Nota-se uma forte elevação na participação de produtos semimanufaturados nas compras feitas pelo Brasil – de 49,9% para 76,8%.
Resultado trimestral
Esses dados se refletem no resultado isolado do terceiro trimestre deste ano. Verificou-se entre julho e setembro uma corrente comercial de US$ (FOB) 3,2 bilhões – o que representa um aumento de 61,5% na comparação com igual período de 2021.
As exportações brasileiras ao Canadá apresentaram um incremento de 11%, passando de US$ (FOB) 1,275 bilhão para US$ (FOB) 1,42 bilhão. Já as importações apresentaram um salto de 151,1% entre o terceiro trimestre de 2021 e igual período deste ano, passando de US$ (FOB) 711,99 milhões para US$ (FOB) 1,787 bilhão.
“O Canadá pulou da décima para a oitava posição no ranking dos parceiros comerciais brasileiros”, avalia o diretor de relações institucionais da CCBC, Paulo de Castro Reis. De acordo com ele, os resultados do trimestre mostram que o Canadá já entrou no radar das empresas e dos exportadores brasileiros.
A edição do estudo Quick Trade Facts que trata em detalhes do comércio Brasil-Canadá no terceiro trimestre de 2022 está disponível aqui.
