Brasil e Canadá: recorde comercial no 1º semestre

Soma de exportações e importações na primeira metade de 2022 tem alta de 62,5%, e indica que o ano fechará com resultado mais robusto da série histórica


Por Sérgio Siscaro

De acordo com informações da balança comercial brasileira, a corrente comercial entre Brasil e Canadá – ou seja, a soma entre as exportações e importações – entre janeiro e junho de 2022 totalizou US$ (FOB) 4,991 bilhões. Trata-se do resultado mais expressivo desde o início da série história, superando em 62,5% o montante observado no primeiro semestre de 2021, que foi de US$ (FOB) 3,07 bilhões.  

Este resultado confirma a tendência que vem sendo observada desde o início do século – ou seja, de gradual aumento nas trocas comerciais entre os dois países. Considerando-se apenas o período do primeiro semestre, é possível observar que, em 2002, a corrente comercial Brasil-Canadá totalizava US$ (FOB) 662,45 milhões. Dez anos depois, na primeira metade de 2012, já era de US$ (FOB) 2,678 bilhões.  

Se for mantido esse ritmo, o resultado de 2022, considerando-se os doze meses do ano, deverá superar os US$ (FOB) 7,497 bilhões registrados entre janeiro e dezembro do ano passado. E a possibilidade disso acontecer parece bastante real: em julho de 2022, a corrente de comércio foi de US$ (FOB) 1,206 bilhão, segundo melhor resultado do ano – e que já eleva o montante acumulado nos sete primeiros meses do ano para quase US$ (FOB) 6,2 bilhões. 

Expansão consistente 

Dados da análise Quick Trade Facts, produzida pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), indicam que esse crescimento no intercâmbio comercial foi consistente ao longo do semestre, elevando-se de mês a mês – iniciando com US$ (FOB) 517,87 milhões em janeiro e atingindo US$ (FOB) 1,207 bilhão em junho. Ao longo do semestre, a média mensal da soma entre exportações e importações foi de US$ (FOB) 831,95 milhões.

Os dados detalhados do intercâmbio comercial entre Brasil e Canadá no primeiro semestre de 2022 podem ser conferidos nas duas últimas edições do Quick Trade Facts, que analisam o primeiro e o segundo trimestres do ano.

Avanço nas exportações e importações

Uma comparação mais próxima entre o setor minerador do Canadá e o do Brasil poderá ser feita pelos participantes da convenção da PDAC em setembro, quando será realizada uma missão, organizada pela CCBC, à próxima edição da Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram), que acontecerá entre 12 e 15 de setembro em Belo Horizonte (MG).

Considerada uma das maiores exposições de mineração da América Latina, a feira é organizada pelo Ibram e reúne os players da cadeia produtiva da mineração no país – incluindo mineradoras, fabricantes fornecedores de máquinas, equipamentos e serviços, e instituições de pesquisa e universidades, além de delegações empresariais e governamentais de diversos países. Assim como a convenção da PDAC, a Exposibram deste ano retorna ao formato presencial após três anos.

O aumento no intercâmbio comercial entre os dois países tem levado ao aumento tanto das exportações quanto das importações – o que demonstra certo grau de complementaridade nas trocas comerciais. As vendas brasileiras ao Canadá somaram US$ (FOB) 2,5 bilhões, com uma média de US$ (FOB) 416,74 milhões por mês; o aumento com relação ao registrado entre janeiro e junho de 2021 foi de 16%.  

Destacaram-se no período as exportações incluídas na categoria que reúne produtos químicos inorgânicos e compostos inorgânicos ou orgânicos de metais preciosos, de elementos radioativos, de metais das terras raras ou de isótopos. Sua alta foi de 34%, impulsionada principalmente pela venda de alumina calcinada, dióxido de silício e pentóxido de divanário – que são utilizados principalmente pelas indústrias farmacêutica, automobilística, e de vidros e cerâmica. 

É importante notar que outros produtos, com menor peso na balança comercial, também registraram saltos bastante expressivo nas vendas ao Canadá, indicando possíveis elevações em sua demanda no futuro. É o caso do cobre (2.240%), do algodão (897%) e do alumínio (571%), por exemplo. Incentivadas por recentes negociações entre os dois países, as vendas de carnes ao Canadá apresentaram expansão de 44% no semestre, na comparação com igual período de 2021.  

No sentido inverso, o Brasil importou o equivalente a US$ (FOB) 2,491 bilhões, ou US$ (FOB) 415,2 milhões por mês. O total representa uma alta de 174% na comparação com o montante registrado entre janeiro e junho de 2021. Dentre os principais destaques, vale ressaltar a alta de 454% registrada por produtos da indústria química – resultado impulsionado principalmente pelas importações de fertilizantes do Canadá, que aumentaram substancialmente após a invasão da Ucrânia, tradicional fornecedor do Brasil, pela Rússia, em fevereiro deste ano.

Oportunidades comerciais

O aumento no intercâmbio entre Brasil e Canadá, inclusive em segmentos que antes não apareciam na balança comercial bilateral, sugere interessantes oportunidades de inserção de produtos brasileiros no Canadá, e vice-versa. O diretor de Relações Institucionais da CCBC, Paulo de Castro Reis, pondera que muitas vezes as exportadoras brasileiras não inserem o Canadá em seu radar de mercados.  

“As empresas acabam se acomodando com alguns países de destino, e perdem oportunidades que estão fora de seu radar. No caso do Canadá, as companhias poderão não apenas descobrir um novo mercado para colocar seus produtos, mas também um ponto de apoio interessante para expandir suas operações para outros destinos, como os EUA ou Europa”, afirma. 

No sentido inverso, Castro Reis destaca uma recente iniciativa da CCBC, o Canada Hub, que atua como uma aceleradora para o soft landing de empresas canadenses chegando ao Brasil. “Oferecemos um espaço de escritório virtual, coworking e endereço fiscal para os canadenses se registrarem e abrirem um CNPJ no país. Além disso, o Canada Hub também contribui para o desenvolvimento de novos negócios, identificando potenciais clientes e parceiros, e viabilizando a realização de reuniões comerciais, por exemplo.”