Primeiro trimestre comprova dinamismo do comércio Brasil-Canadá

Exportações e importações atingem maior patamar dos últimos anos; produtos manufaturados e semimanufaturados têm destaque


Por Sérgio Siscaro

Os bons resultados do comércio exterior entre Brasil e Canadá ao longo de 2021, quando totalizaram uma corrente de comércio (ou seja, a soma entre exportações e importações) de US$ (FOB) 7,478 bilhões, dão sinais de que o processo de expansão dos negócios entre os dois países deverá continuar em 2022. É o que indica o estudo Quick Trade Facts, elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) com base nos dados da balança comercial brasileira.

Segundo o levantamento, no primeiro trimestre de 2022 a corrente de comércio entre os dois países saltou expressivos 36,58%, passando de US$ (FOB) 1,39 bilhão para US$ (FOB) 1,9 bilhão. O saldo comercial foi positivo para o Brasil, em US$ 385,6 milhões.

É a primeira vez que a soma das exportações e importações entre Brasil e Canadá chegam a esse patamar. Vale lembrar que há dez anos, em 2012, a corrente comercial bilateral era de apenas US$ (FOB) 1,29 bilhão, caindo para seu menor nível em 2014, quando totalizou US$ 976,8 milhões. De lá para cá, porém, os resultados foram se tornando mais expressivos – apontando para uma maior complementaridade das duas economias nos próximos anos.


Patamar recorde nos embarques


As exportações ao Canadá totalizaram US$ (FOB) 1,145 bilhão, um aumento de 21% na comparação com o primeiro trimestre de 2021, quando foram registradas vendas externas de US$ (FOB) 943,47 milhões. Comparando-se este resultado aos anos anteriores, observa-se que o montante foi o mais expressivo em termos de embarques para o mercado canadense da década, e o primeiro que passou a barreira de um bilhão de dólares.

Neste primeiro trimestre, observou-se a manutenção da distribuição da pauta de exportações por fator agregado observada em 2021. Novamente predominaram os produtos manufaturados (cuja participação subiu de 43,5% para 46,4%) e os semimanufaturados (de 49,8% para 44,7%), restando aos básicos uma fatia de 8,9% (ante 6,6% no ano anterior).

Os principais destaques nos embarques brasileiros ao Canadá foram produtos das indústrias químicas, especialmente para fertilizantes; itens relacionados à indústria mineradora, como minerais, metais preciosos ou comuns, e maquinários diversos. Também ganharam espaço relevante as exportações de açúcar e café.


Importações mantém ritmo de alta


As exportações ao Canadá totalizaram US$ (FOB) 1,145 bilhão, um aumento de 21% na comparação com o primeiro trimestre de 2021. Do lado das importações, a mesma tendência de expansão do intercâmbio bilateral se verificou no primeiro trimestre deste ano – quando as compras de produtos canadenses totalizaram US$ (FOB) 759,6 milhões – ou 68% a mais que em 2021, quando somaram US$ (FOB) 451,28 milhões. Assim como nas exportações, o resultado das importações também é o melhor dos últimos dez anos – e tem apresentado expansão consistente desde 2017.

Houve uma alteração significativa na distribuição dos produtos importados do Canadá por fator agregado. Os produtos semimanufaturados, que em 2021 correspondiam a 34,9% do total, agora saltaram para 68%. Já os manufaturados caíram de 53,2% para 30,3% de participação, ao passo que os básicos encolheram de 11,9% para apenas 1,7%.

Dessa forma, destacaram-se as compras de produtos das indústrias químicas (aqui também com destaque para fertilizantes) e plástica, itens farmacêuticos, maquinários e instrumentos diversos, além de reatores nucleares e aeronaves e aparelhos espaciais.


Redução de restrições e câmbio impactam resultados


De acordo com o estudo da CCBC, fevereiro foi o mês que apresentou o maior valor em termos de corrente comercial entre os dois países. Foi também o período no qual as exportações brasileiras apresentaram valores mais expressivos do que as importações. No caso dos embarques, uma possível causa para esse resultado é o cenário de redução das restrições acarretadas pela pandemia da Covid-19, que pode ter tido impacto relevante nos resultados das exportações.

No sentido inverso, o aumento nas importações foi favorecido pela média cambial do dólar dos Estados Unidos, que apresentou queda no primeiro trimestre deste ano – atingindo a cotação de R$ 5,23.