Pesquisa mostra que 72% das empresas querem ampliar negociações bilaterais

Empresários destacam como desafios a complexidade tributária e as incertezas do cenário global

Por Deborah Oliveira

Empresas brasileiras e canadenses estão otimistas e querem ampliar ainda mais as negociações bilaterais. É o que aponta pesquisa realizada durante o 1º Fórum Econômico Brasil-Canadá, evento da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), que contou com mais de 170 representantes de empresas nacionais e estrangeiras que já atuam em parcerias de negócios ou que pretendem dar início.

Entre os respondentes, 72% informaram que pretendem aumentar o volume de negócios internacionais entre Brasil e Canadá e estão otimistas com o crescimento dos negócios, enquanto 28% estão analisando como o mercado se comporta.

No entanto, a complexidade tributária foi apontada por 29% das empresas que responderam como o principal entrave para o crescimento no ambiente de negócios. Na sequência, 26% destacaram as incertezas do cenário global, 16% a burocracia nas operações, 13% a insegurança jurídica, 8% a alta taxa de juro para financiamento.  Outros 8% afirmaram que não enxergam desafios.

Ainda que as empresas tenham apontado a complexidade tributária e as incertezas do cenário global como os principais desafios para o crescimento do ambiente de negócios, o atual estágio das negociações do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e o Canadá e as oportunidades em diversos setores da economia, como alimentos, mineração e infraestrutura, devem ter papel preponderante nas decisões nos próximos meses, e acelerar ainda mais os negócios entre os dois países.

A aprovação do texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária pela Câmara dos Deputados no último dia 07 de julho deve elevar ainda mais a confiança entre os executivos, trazendo mais otimismo ao mercado. A simplificação do sistema tributário poderá atrair mais investimentos e contribuir para o desenvolvimento do país. O texto segue, agora, para análise do Senado.

O ambiente amigável entre os dois países também ganhou mais visibilidade com a recente visita da chanceler canadense Mélanie Jolie, que se reuniu com o presidente Lula em Brasília no final de junho. Primeira visita de um ministro das Relações Exteriores do Canadá ao Brasil em dez anos, a vinda de Mélanie ao país fortalece ainda mais a parceria entre os dois países, que já possuem grandes acordos de investimentos nos setores de infraestrutura e energia limpa. A chanceler esclareceu que o Canadá quer investir ainda mais no Brasil e ressaltou a importância de se discutir assuntos relacionados à defesa do meio ambiente, ao crescimento inclusivo e aos direitos humanos. O acordo de livre-comércio entre o Mercosul e o Canadá também foi outro tema relevante que pautou o encontro.

A pesquisa ainda mostrou que 32% das empresas que responderam aos questionamentos realizam negócios com o Canadá, seguidos de Estados Unidos (16%), Europa (13%), América Latina (8%), Ásia e/ou Oceania (5%) e África (3%). Outros 23% informaram que estão estruturando seus negócios para dar início às operações internacionais.