Collision Conference aconteceu em Toronto e mostrou como a IA deverá pautar o futuro dos negócios e da tecnologia e as decisões de investimentos dos grandes fundos daqui para frente
Por Deborah Oliveira
Um dos maiores eventos de inovação do mundo, a Collision Conference reuniu uma plateia formada por CEOs de grandes e médias empresas de tecnologia, empreendedores, investidores e líderes do setor de tecnologia e inovação do mundo inteiro, no último mês de junho, em Toronto, no Canadá. As soluções tecnológicas em inteligência artificial (IA) e o papel dos fundos de investimentos nos projetos mais inovadores pautaram as discussões durante o evento, também conhecido como “Olimpíada da Tecnologia”.
Esta edição da Collision contou com 20 trilhas temáticas, que incluíram debates sobre a evolução tecnológica e do consumo, mobilidade e futuro do transporte, inovação nos negócios, criptomoedas, evolução das finanças, sustentabilidade e mudanças climáticas, marketing e futuro do trabalho, entre outros.
Thierry Sébastien Battistini, responsável pelo setor de Expansão Internacional da SEMPRE IT, que esteve presente no evento, acredita que além da oportunidade de negócios e networking, a conferência representou uma chance para aprimorar o conhecimento sobre o papel da IA no futuro dos negócios e da tecnologia. Um dos pontos mais discutidos durante as trilhas temáticas foi a elevada capacidade de investimento dos grandes fundos, que contam com muito dinheiro em caixa, mas, cautelosos, preferem analisar com cuidado as opções disponíveis para fazer as escolhas que possam garantir o melhor retorno de investimentos.
“Embora estejam com muito dinheiro em caixa, os fundos estão tomando cuidado para investir. As conversas concluíram que estamos vivendo outro hype cycle, ou tendência de inovação, e há muita dificuldade em analisar a tecnologia da IA no detalhe. Muitos investidores que subiram ao palco mostraram que fizeram apostas erradas no passado, e que podem até errar novamente com a inteligência artificial. Mas errar e acertar faz parte do processo”, esclarece. “E embora todos estejam receosos em investir, está claro também que muitosrecursos serão investidos em IA”, complementa.
Battistini destaca, ainda, os temas da trilha MoneyConf, que discutiu modelos de negócios e contextualizou a importância da migração digital para o setor financeiro, a evolução das finanças e a segurança, entre outros temas. Um dos pontos discutidos envolveu a rapidez das transformações tecnológicas e o atual cenário das Fintechs, que ajudaram a criar uma nova geração de startups ágeis, orientadas para a tecnologia. “Os speakers eram excelentes e as discussões contaram com a participação de várias líderes tecnológicas mulheres, como Marianna Tessel, Chief Technology Officer da Intuit, um exemplo de planejamento e de como pensar a IA com antecipação”, comenta.
De acordo com Battistini, outras duas participações que chamaram a atenção na trilha MoneyConf foram Eva Wong, co-founder & COO da Borrowell, e Liza Landsman, CEO da Stash. Eva apresentou o aplicativo, que foi pioneiro no Canadá, que permite que as pessoas consultem o seu score de crédito e falou sobre open banking, os impactos sobre os clientes e o quanto este tema precisa progedir no Canadá. Liza, da Stash, falou sobre o modelo de gestão de times, diversidade e inclusão financeira.
Por último, o executivo ressaltou que ao mesmo tempo que se fala do avanço da IA, que já está revolucionando o mercado, existe um enorme desafio de mão de obra. No entanto, ele ressaltou o anúncio feito pelo ministro de Imigração do Canadá, Sean Fraser, que foi muito bem recebido. De acordo com ele, entre as cinco melhorias anunciadas estão o visto de startup (aprimoramento do visto atual) e o visto para nômades digitais, que permitem que qualquer pessoa possa trabalhar no Canadá por seis meses e se a pessoa encontrar uma empresa para trabalhar e quiser ficar no país, a transformação do visto é simplificada. “Foram unsanúncios muito importantes porque o Canadá precisa melhorar as condições existentes para a retenção de talentos de tecnologia”, disse.
Battistini também destacou a disponibilidade dos executivos presentes no evento em trocar ideias e experiências. “O evento foi muito importante para incrementar o networking entre as empresas. Eu mesmo abordei vários C-level nos corredores e eles foram muito acessíveis. Acho a Collision uma feira incrível, porque ela não é monotemática e valoriza a reflexão transversa e a troca entre os participantes”, ressaltou.
Para quem está pensando em fazer negócios com o Canadá, o executivo orienta que se inicie por uma boa pesquisa sobre as oportunidades existentes nas províncias canadenses que podem variar dado o direcionamento de investimentos federais. Ele lembrou, ainda, que o país norte-americano oferece boas oportunidades de investimentos a partir dos fundos de investimentos do governo canadense. “É uma grande oportunidade para o empreendedorismo porque há os incentivos oferecidos pelo governo federal e pelas províncias, e não apenas incentivos fiscais”, resume.
