Países estão otimistas para formalização de acordo que beneficiará empresas

A CCBC acompanha ativamente a evolução das negociações para um acordo comercial entre Mercosul e Canadá. As partes envolvidas no compromisso têm observado com otimismo as mudanças nas relações exteriores do Brasil – maior e mais influente economia sul-americana – que troca a política sul-sul pelo foco nos países desenvolvidos. A aproximação com os EUA inclusive é positiva, de acordo com especialistas ouvidos pela Câmara, pois faz com que o Brasil e seus vizinhos olhem na direção da América do Norte.

“Existe um entusiasmo diante da perspectiva de uma abertura maior da economia brasileira para os mercados internacionais”, disse Elise Racicot, Cônsul e Chefe do Setor Comercial do Consulado Geral do Canadá em São Paulo, na 5a edição do Bate-Papo de Comex, realizado na sede da CCBC.

O Mercosul não está sozinho. A vontade de formalizar o compromisso também existe no Canadá, onde há grande interesse em diversificar a pauta de comércio exterior. Além do acordo firmado com a União Europeia há dois anos, o país assinou no ano passado o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífico, envolvendo nações como Austrália, Japão, Chile, Malásia e Cingapura. O objetivo dos canadenses, conforme revelou Elise, é ampliar em 50% seu comércio além dos EUA até 2025.

“A negociação com o Mercosul está andando bem. Se vocês acompanharem o nosso embaixador nas redes sociais, por exemplo, verão que ele está empenhado e tem feito muitos encontros com diferentes partes, como Apex, CNI e CNPQ”, destacou a Cônsul a uma plateia de mais de 50 associados da CCBC que compareceram ao Bate-Papo de Comex.

Para atender às demandas do empresário brasileiro

Elise salienta que um acordo em si não muda a relação comercial entre os países, mas cria um ambiente para acelerar essas relações. Fortalecer laços culturais e educacionais entre os povos é um bom caminho e pelo menos no caso do Brasil há números admiráveis. Há mais de dez anos, o Canadá é o destino preferido de brasileiros que vão estudar fora por um período superior a seis meses. Mas a participação do empresariado e de entidades que os representam também precisa ser ativa.

Luana de Almeida, consultora de comércio internacional e investimentos da Sidera Consult, empresa associada à CCBC, que falou ao lado da Cônsul no Bate-Papo de Comex, lembrou que o Canadá realizou consultas públicas à sociedade civil e debates sobre o acordo. A Secretaria de Comércio exterior também abriu consulta, esclarecendo dúvidas e ouvindo as necessidades das empresas. “A gente precisa de engajamento dos empresários brasileiros. Precisa que suas demandas sejam veiculadas e cheguem até o governo”, destacou Luana.

Se as empresas souberem aproveitar os benefícios do acordo, existe um enorme potencial de aumento da produtividade, consumo, desenvolvimento tecnológico, estímulo industrial e geração de empregos. Uma das expectativas é que haja vantagens também para pequenas e médias empresas. Entre os diversos setores que poderão ser beneficiados estão o de automóveis, químicos, metalurgia, agricultura, pecuária e informática. Entram na lista também mais de 300 produtos que podem ter o seu comércio facilitado.

Já tem data para assinar?

Desde março de 2018 foram realizadas cinco rodadas de negociação para o acordo Mercosul-Canadá, sendo a mais recente no mês passado, em Ottawa. A próxima está prevista para a semana dos dias 23 a 31 de maio, em Brasília. Até o momento houve considerável progresso nas áreas de meio ambiente, comércio, serviços e práticas regulatórias.

O Mercosul negocia um acordo com a União Europeia há quase 20 anos. As especialistas, no entanto, concordaram que um compromisso com o Canadá deverá sair muito antes disso – tanto pelo momento que os países atravessam e pelo cenário favorável quanto pela facilidade que o Mercosul tem de negociar com apenas uma parte, o que é muito diferente de quando negocia com o bloco europeu. “Muita gente gostaria de ter boas novidades para comunicar na Cúpula do Mercosul em junho, mas ainda é cedo para dizer o que vai acontecer”, avalia Elise.

Enquanto isso, a CCBC continua com sua agenda de debates sobre o futuro Acordo. Além da 5a edição do Bate-Papo de Comex realizada em fevereiro, o 2º Encontro Brasil-Canadá de Comércio Exterior, realizado em 22 de março, contou com um painel exclusivo para debater o acordo Mercosul-Canadá.

Participaram deste painel Bonny Berger, Conselheira para Assuntos Comerciais e Econômicos, Embaixada do Canadá; Carolina Matos – Analista de Políticas e Industria na Confederação Nacional da Industria (CNI); Carolina Monteiro de Carvalho – Sócia da Mundie Advogados; e novamente Luana Almeida – Consultora de Comércio Internacional e Investimentos – Sidera Consult.