Mercado de oportunidades

Setor de franquias brasileiro cresce com solidez e abre espaço para novas marcas, empreendedores e investidores

Por Estela Cangerana

O mercado de franquias no Brasil vem crescendo a patamares muito superiores aos da economia nacional nos últimos dez anos e o negócio hoje se apresenta como uma opção vantajosa para o desenvolvimento de novas marcas no País. Com a solidez e a segurança reafirmadas depois da promulgação da Lei no 13.966/19 (Lei do Franchising) no ano passado, o setor coleciona atrativos para empreendedores e investidores internacionais, em um cenário que tem todas as características para despertar o interesse canadense.

As franquias geraram uma receita de US$ 46 bilhões no Brasil em 2019, com crescimento de 6,8% em relação ao período anterior, enquanto a economia como um todo teve elevação de apenas 1,1% em igual intervalo, conforme destaca o diretor administrativo-financeiro da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Marcelo Maia. “Temos um setor consolidado e bem regulado, que se estabeleceu no País como uma alternativa muito procurada por empreendedores, seja para atividade principal, seja como uma forma de obter uma segunda renda”, explica.

As estatísticas levantadas pela associação, que é a segunda maior do setor no mundo, confirmam essa afirmação. No ano passado, o número de empresas nesse modelo teve expansão de 4,7% sobre 2018, para 160,9 mil negócios, que geraram 1,3 milhão de empregos diretos. São 2.918 marcas dos ramos de alimentação, saúde e beleza, moda, hotelaria e educação, entre outros. Pouco mais de 7% delas com origem internacional (214). O Canadá é o oitavo no ranking dos 30 países que possuem franquias no mercado brasileiro, com sete marcas (Mad Science Group, Sweet Beginnings, Maple Bear, Canadá Intercâmbio, Pita Pit, Yogen Früz e WSI Brasil).

Esse número, no entanto, deve subir, a exemplo das empresas que se estabeleceram nesse formato no País nos últimos anos. São nomes como o da rede de ensino Maple Bear, “hoje uma marca já amplamente reconhecida no Brasil”, lembra Maia.

Segundo ele, além do grande potencial do mercado nacional, um dos fatores que apoiam a vinda de negócios internacionais é a própria Lei do Franchising, “uma lei moderna, que permite que as marcas estrangeiras entendam o sistema e se abriguem em um guarda-chuva de segurança para atuarem no setor”.

Shopping centers

Somada à regulamentação estruturada da atividade, a solidez do setor de shopping centers no País é outro fator de atração dos negócios. Muitas das franquias encontram nesses centros um ambiente com grandes oportunidades para se desenvolverem.

O modelo brasileiro de shoppings foi criado com base no norte-americano, há mais de cinco décadas, mas hoje oferece diferenciais interessantes, que revelam a amplitude de seu potencial, de acordo com o co-presidente da Ancar Ivanhoe Shopping Centers, Marcelo Carvalho. Entre esses fatores estão a frequência de ida aos centros de compras (em média sete dias por mês entre os brasileiros contra 3,4 dias/mês dos norte-americanos) e a taxa de conversão de vendas mais alta no Brasil (63% contra 50% dos Estados Unidos).

O fluxo médio de pessoas por mês nos shoppings brasileiros também é importante. Em 2019, ele foi de 502 milhões de visitas, nos 577 centros de compras em operação. Eles estão presentes em 227 cidades por todo o País e faturaram R$ 193 bilhões (cerca de US$ 34,5 bilhões) no ano passado. “O perfil de visita aos estabelecimentos é diferente. O brasileiro vai muito ao shopping, mas não só para fazer compras. Ele vai para ter experiências, se sentir bem, passear com a família, comer, ir ao cinema, ter acesso a serviços”, explica Carvalho.

“Mas, enquanto 54% das vendas do varejo dos Estados Unidos acontecem nos malls, no Brasil os shoppings respondem por apenas 22% dessas transações, o que evidencia o tamanho do espaço que ainda existe para crescer”, diz o executivo da Ancar Ivanhoe, empresa que tem em seu portfolio 26 shoppings espalhados em todas as regiões do País, com vendas de R$ 17,4 bilhões (cerca de US$ 3,1 bilhões) no ano passado.

Modelo de sucesso

Uma das franquias presentes em shoppings administrados pela empresa é a Nutty Bavarian, que também está presente com seus quiosques em aeroportos, estações de trens, supermercados, eventos e centenas de outros pontos. A rede, que nasceu a partir de uma marca norte-americana, é um exemplo de franquia bem sucedida no mercado brasileiro.

“Conheci a marca nos Estados Unidos, onde não é uma franquia, há mais de 20 anos. Comprei uma máquina da Nutty Bavarian e decidi trazer o negócio das nutts carameladas ao Brasil, em uma época em que ninguém sequer conhecia a palavra nutts no País”, lembra a sócia-diretora da franquia, Adriana Auriemo.

A implementação da empresa no mercado nacional exigiu uma série de estudos e adaptações, incluindo mudanças no tamanho das embalagens, redução do teor de açúcar no produto para agradar o paladar local e a introdução de nutts nacionais (como a macadâmia) para reduzir a dependência de importações. Também foram feitos ajustes no logotipo e na promoção de informações nutricionais, entre outros. Segundo ela, o cuidado de fazer as adaptações necessárias e o trabalho de buscar entender as regras do mercado foram fatores essenciais para o crescimento. Hoje a Nutty Bavarian vende 2 toneladas de nutts por dia no Brasil e, após ser convidada pela marca original norte-americana, está se preparando para levar o modelo de franquias também para os Estados Unidos.

A sócia da franquia, assim como o diretor da ABF e o co-presidente da Ancar Ivanhoe participaram em setembro de um painel de debates sobre as oportunidades no setor durante o Brazilian Week CCBC Online Festival.

Para saber mais:

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