Diversidade em pauta na CCBC

Evento promovido pela Câmara discute experiências canadenses na promoção de políticas de inclusão


Por Sérgio Siscaro

A construção de uma sociedade que se caracterize pela diversidade é uma preocupação cada vez mais evidente por parte de governos, instituições e empresas. Para tanto, são necessárias políticas de inclusão plena e efetiva em termos de gênero, idade, etnia, raça, religião, orientação sexual, deficiência, origem e condição econômica, entre outros fatores. Nesse contexto, a troca de experiências é um fator importante para que esse processo seja bem-sucedido – e o Canadá é um dos países que mais tem avançado na construção de uma sociedade que respeita e dá espaço à diferença.

Para tratar desse tema, a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) promoveu, no final de agosto, o evento Ações Canadenses em Diversidade e Inclusão no Brasil, no qual o cônsul-geral do Canadá no Rio de Janeiro, David Verbiwski, abordou as experiências de seu país no que se refere ao estímulo à diversidade e à inclusão. O webinar foi mediado pela vice-presidente da CCBC e coordenadora da Comissão de Diversidade e Inclusão, Esther Nunes, que ressaltou a importância do Canadá no debate sobre o tema.

Foco na inclusão

O cônsul Verbiwski iniciou sua apresentação abordando as características demográficas atuais do Canadá, que indicam uma distribuição igualitária entre homens e mulheres na população, assim como uma expectativa de que as pessoas com mais de 65 anos de idade respondam, em 2026, por 20% do total. Ele também salientou a importância da imigração na sociedade canadense, assim como dos povos originários. “Sabemos que ainda há muito a fazer com o setor privado para incentivar o aumento no número de mulheres em cargos de senioridade nas empresas. Esta é uma prioridade do atual governo, que tem 50% de seu ministério composto por mulheres”, afirmou.

Segundo Verbiwski, o fator que vem mudando a sociedade canadense é a imigração. “Toronto é um exemplo dessa diversidade. Em 2014, 51% dos residentes haviam nascido em outros países. Do total de habitantes do país, 26% das pessoas vieram de fora. Por essa razão, a estratégia do governo é dar equidade a todos, combatendo o racismo.” A experiência canadense ficou clara aos participantes à medida em que o cônsul delineou os detalhes das principais iniciativas recentes adotadas pelo governo canadense para aumentar a diversidade e inclusão no país. Ele mencionou também o plano de ação antirracismo da Global Affairs Canada (GAC) – departamento federal que gerencia as atividades diplomáticas e consulares do Canadá. Lançado em outubro de 2021, o plano estabelece um plano de cinco anos que busca tornar a entidade mais inclusiva, tanto no Canadá quanto no resto do mundo.

Outras políticas que vem sendo adotadas pelo Canadá envolvem a elaboração de políticas para aumentar a participação de pessoas com deficiências na sociedade, assim como da comunidade LGBTQIA+. “Além disso, um dos pilares do governo atual é a reconciliação com os povos originários do Canadá; temos atualmente 94 diferentes ações nesse sentido”, disse. Um ponto que ainda carece de iniciativas do governo canadense é o incentivo à criação de oportunidades para pessoas sêniores – o que, segundo Verbiwski, deve ser tratado nos próximos anos.

No Brasil

Por meio do GAC, o governo canadense também promove suas políticas de diversidade e inclusão no Brasil. O cônsul lembrou da criação, há um ano, de um conselho de diversidade, equidade e inclusão no país, no qual ocupa a posição de chairman, e uma série de três campanhas educativas – tratando de povos originários, racismo e LGBTfobia. “No Brasil, a diversidade está sempre à frente de nossas ações”, complementou. Outra iniciativa citada por Verbiwski é o programa Women in Mining Brasil, que busca elevar a participação feminina no setor de mineração – que conta com a colaboração tanto do GAC quanto da CCBC.

Na avaliação do cônsul, não se deve ter o medo de errar ao se buscar o caminho para uma sociedade mais justa, igualitária e diversa. “Além disso, para aprender algo sobre um segmento da sociedade, deve-se dar voz a alguém desse grupo – e ter a voz de alguém que vive essa experiência”, concluiu.