Com foco em inovação e sustentabilidade, evento realizado pela CCBC exalta economia colaborativa e parcerias estratégicas para o futuro dos negócios

Durante o Summit Brasil-Canadá 2023 instituições canadenses e empresas brasileiras debateram soluções e estratégias de ESG e IA baseadas na expertise do país norte-americano para a redução de impactos no meio ambiente; Embaixador canadense no Brasil, Emmanuel Kamarianakis, apontou a importância da retomada das negociações do acordo Mercosul-Canadá para a ampliação dos investimentos, cujos números oficiais já apontam mais de 100 bilhões de reais

Por Deborah Oliveira

São Paulo, setembro de 2023 – O Summit Brasil-Canadá 2023, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá – CCBC, em comemoração aos 50 anos da instituição, reuniu lideranças brasileiras e canadenses para a discussão de temas relevantes nas áreas da inovação e da sustentabilidade. A importância das parcerias estratégicas e da troca de conhecimento entre universidades, empresas e governos para o desenho do futuro dos negócios e da economia colaborativa estiveram no centro das discussões.

Entre os temas que ganharam destaque estão os relacionados às pesquisas em ciência e inovação – como o uso da Inteligência Artificial nos negócios -, ESG, Desenvolvimento Sustentável, Diversidade Equidade & Inclusão, e Investimentos. A relevância do acordo Canadá Mercosul para o futuro dos negócios entre o Brasil e a região com o Canadá também ganhou protagonismo, assim como o papel dos investimentos e a cooperação entre os dois países para os próximos 50 anos para a inovação e o desenvolvimento.

O embaixador canadense no Brasil, Emmanuel Kamarianakis, assegurou o comprometimento do governo do Canadá com a retomada das negociações do acordo Mercosul Canadá no futuro e elencou as parcerias já realizadas em diversas áreas, como pesquisa e desenvolvimento, inovação tecnológica, comércio e investimentos. Kamarianakis reforçou a importância do Brasil como o maior parceiro comercial do Canadá na América do Sul e a colaboração tecnológica e a inovação como prioritárias para o desenvolvimento.

A presença de grandes companhias brasileiras nos negócios bilaterais, como Vale, Gerdau e Marcopolo, também foi lembrada por Kamarianakis, que espera um incremento ainda maior nos negócios entre os dois países nos próximos anos. “Em nossas estatísticas oficiais, já foram investidos 25 bilhões de dólares no Brasil, cerca de 100 bilhões de reais, mas esse número pode ser muito maior, já que os números obedecem a estimativas contábeis específicas. Por isso estimamos que os investimentos já realizados possam chegar a 300 bilhões de reais, um volume muito significativo”, disse.

No painel intitulado “A chegada da era da sustentabilidade”, e que abriu o evento, os participantes debateram a importância da agenda ambiental, da economia circular, da inovação, assim como as iniciativas que vêm sendo adotadas para reduzir o impacto e atingir o carbono zero em diferentes setores do ESG, principalmente diante das mudanças climáticas. As tecnologias disponíveis pelo Canadá para a adoção do hidrogênio verde também foram tema de debates.

Os convidados pontuaram os principais desafios e ações para diversas áreas, como saneamento básico para a melhoria da gestão hídrica, do tratamento de esgoto e o reúso de água. A expertise canadense em inovação também foi lembrada pelas empresas presentes, em setores como tecnologia, gestão em energia renovável, mineração e agronegócio e segurança alimentar. Eles apontaram a importância de iniciativas inovadoras para a preservação do meio ambiente e a saúde e o bem-estar das comunidades, ao mesmo tempo em que possam favorecer o acesso à educação e à geração de renda para as populações que vivem em áreas que receberam grandes projetos de infraestrutura.

O painel intitulado “Tecnologia e Inovação aplicadas aos negócios”, no segundo dia do Summit Brasil-Canadá, teve como foco o papel da tecnologia e da inovação como ferramentas importantes para a transformação e para a gestão da segurança de ativos e pessoas. A cooperação entre o Brasil e o Canadá para os investimentos e para os negócios com o intuito de promover pesquisas, processos e ideias dentro das empresas, assim como a colaboração entre os setores público e privados, conduziram as conversas.

Como um dos países líderes em pesquisas na área de inteligência artificial (IA), o Canadá é reconhecido pelo elevado desempenho em pesquisas de ponta e pela colaboração entre universidades, empresas, investidores e especialistas canadenses e estrangeiros. É o caso da sólida parceria com a Fundação Araucária, uma das instituições presentes ao evento e que possui acordos na área de pesquisa e desenvolvimento com a província de Quèbec e, recentemente, com a província de Alberta.

As discussões pertinentes ao modo como a tecnologia e a economia circular fazem parte de um ecossistema de inovação que contribui para promover o empreendedorismo e a internacionalização das empresas, assim como o avanço da IA, levaram em conta a gestão do futuro e a sustentabilidade, além dos princípios e valores que envolvem as empresas e seus colaboradores, como diversidade, equidade e inclusão.

O painel “Investimentos: um olhar para os próximos 50 anos”, encerrou o evento e tratou da atratividade do mercado brasileiro para o desenvolvimento em diversas áreas da economia, da expertise canadense em tecnologia e gestão e da atração de investimentos para as instituições públicas e privadas. Os participantes discorreram sobre o potencial de crescimento de projetos de impacto que tenham como contrapartida o propósito social, além da projetos de investimento com base em tecnologia e redução de carbono.

Irene Vida Gala, diplomata e subchefe do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo, e presidente da associação de diplomatas brasileiras, destacou a qualidade das relações entre Brasil e Canadá e dos valores compartilhados. “O fato de termos duas nações com compromisso muito claro com o processo democrático não é pouco. Esse compromisso

se estende para a agenda da sustentabilidade. Canada e Brasil trabalham com setores como mineração, agricultura e ciência e tecnologia, e que colocam o Brasil em uma situação muito favorável para conversar em igualdade de condições com o Canadá, e um desses registros muito positivos é, sem dúvida, nossa capacidade na área agrícola”.

Já o cônsul-geral do Canadá em São Paulo e diretor do bureau de Quèbec em São Paulo, Jason Naud, lembrou da importância dos laços culturais e de negócios entre a província do Quèbec e o Brasil. “O Brasil com sua influência econômica significativa e cultura vibrantes atraíram a atenção do governo de Quèbec desde os primeiros momentos e por isso inauguramos nosso escritório em São Paulo, em 2008, com o objetivo de fortalecer nossa presença no país e, sem dúvida, com o apoio da CCBC”, disse.

Ronaldo Ramos, presidente da CCBC, destacou os inúmeros projetos da Câmara ao longo de seus 50 anos de história, como missões comerciais, rodadas de negócios, estudos de mercado e a criação de hubs de negócios para apoiar a internacionalização de empresas brasileiras e canadenses.

O executivo ressaltou, ainda, que empresas, governo e instituições precisam estar atentos às mudanças de paradigma na área da sustentabilidade para que possam priorizar o sentido holístico dos negócios, com o ser humano como ponto central, além de todos os aspectos que envolvem meio ambiente, responsabilidade social e governança corporativa. “É nossa responsabilidade, como líderes e representantes do setor empresarial, abraçar essas transformações e incorporá-las ao nosso cotidiano”, refletiu.