Canadá abre oportunidades para carne brasileira

Acordo entre os dois países permitirá expandir as exportações de carne bovina e suína in natura para o mercado canadense

Por Sérgio Siscaro

O governo brasileiro confirmou, na primeira quinzena de março, ter chegado a um acordo com o Canadá para a expansão das exportações de carne bovina e suína in natura àquele país. A decisão permitirá aumentar em cerca de US$ 150 milhões por ano as vendas de carne bovina e suína in natura para o mercado canadense. “Essa abertura de mercado faz com que a gente ultrapasse os 200 mercados por mim estipulados como meta no Ministério da Agricultura. E é uma notícia muito boa para os frigoríficos brasileiros, que podem empregar e trazer renda para o interior do nosso país”, afirmou na ocasião a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

A pasta esclareceu que o Canadá não impõem imposto de importação sobre a carne suína, e, no caso da carne bovina,   existe uma alíquota de 26,5%. Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério, Orlando Leite Ribeiro, “Podemos ter acesso àquele mercado via uma quota da Organização Mundial do Comércio (OMC) de 76,4 mil toneladas, com tarifa de zero por cento”,

Medida positiva

O embaixador do Brasil no Canadá, Pedro Henrique Lopes Bório, comemorou a decisão. “A abertura do Canadá para carnes bovinas e suínas é recíproca, e de imensa importância—seja pelas dimensões de nossos dois mercados, seja por ser o Canadá um país que, reconhecidamente, dispõe de normas e práticas de elevados padrões, e tem um mercado consumidor exigente”, afirmou.

Ele também salientou a importância da medida para a intensificação do comércio bilateral. “[A abertura] tem o especial mérito de permitir a expansão de negócios, a qual confiamos que será grande e rápida, e em duas mãos. Ou seja, o Brasil confia que venderá muito, mas também poderá comprar produtos que complementem os nossos, ou que contribuam para o bom funcionamento do mercado na nossa entressafra”, ponderou.

SC inicia embarques

De acordo com os termos do acordo, detalhados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a medida é, em um primeiro momento, válida apenas para os estabelecimentos sob inspeção federal de Santa Catarina—uma vez que, quando a solicitação brasileira foi feita aos canadenses, este era o único estado reconhecido como livre da febre aftosa sem vacinação.

Serão ainda realizadas negociações para a inclusão de outras regiões produtoras que sejam reconhecidas com esse status pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). No entanto, uma lei estadual de Santa Catarina, publicada em novembro de 2021, permite a compra de gado bovino e bubalino de outras partes do país certificadas pela OIE (como Rio Grande do Sul, Paraná, Acre, Rondônia e regiões do Amazonas e Mato Grosso do Sul), para serem abatidos e comercializados pelos produtores catarinenses.

Mercado estratégico

Em 2021, as exportações brasileiras de carnes bovinas e suínas ao Canadá totalizaram US$ (FOB) 19,59 milhões; esse valor é 46,7% maior do que o registrado em 2020, e 104,7% superior ao total contabilizado em 2019—o que demonstra uma tendência de crescimento nos embarques para o mercado canadense.

De acordo com os dados da balança comercial brasileira, os principais destaques nas vendas realizadas no ano passado foram preparações alimentícias e conservas bovinas, carnes desossadas de bovinos, e outras carnes de suínos, congeladas.