Com dois anos de existência, o projeto Mais Por Elas quer expandir sua atuação para mulheres em situação de vulnerabilidade

Por Deborah Oliveira

Criado há dois anos pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), para reforçar a presença feminina em cargos executivos, o programa de mentoria Mais Por Elas, comemora seus primeiros resultados em parcerias e em implementação da diversidade e da inclusão, alinhadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, da Organização das Nações Unidas (ONU). Desenhado para ajudar executivas que ocupam cargos de gestão e liderança a desenvolverem habilidades para o crescimento pessoal e profissional, o Mais por Elas traz como mensagem mais relevante a importância de superar crenças limitantes para derrubar barreiras no mercado corporativo.

Os encontros realizados mostraram que a interação e a troca de ideias resultam não apenas em uma melhor gestão, como trazem inspiração para as mentoradas trilharem seus caminhos profissionais. É o caso de Bárbara Marcheza, que aos 28 anos já é sócia do escritório de advocacia Tavares Novis, associado da CCBC, e participou pela primeira vez de um projeto de mentoria.

Bárbara buscava respostas para seus questionamentos profissionais, mas queria entender e aprender a superar os vieses inconscientes, crenças que limitam o crescimento. “Uma delas é a síndrome da impostora, cuja tendência é a de autossabotagem, quando acreditamos não sermos capazes de ocupar um cargo por não estarmos preparados para tanto”, aponta.

As questões relacionadas às crenças limitantes ganharam relevância durante a mentoria com Bárbara, realizada por Maria da Paz, especialista em responsabilidade social corporativa, diversidade, equidade e inclusão, e que atua no escritório de advocacia Trench, Rossi, Watanabe, associado da CCBC.  “A síndrome da impostora é real. Vemos profissionais eficientes e que não conseguem ocupar cargos elevados. É preciso observar a si mesmo, valorizar os pontos fortes e trabalhar o que nos falta”, avalia Maria.

Para Bárbara, a experiência foi muito gratificante e os feedbacks proporcionados por sua mentora durante o programa a ajudaram a identificar os próximos passos de sua carreira de maneira estruturada, além de entender como estes conceitos são importantes para o crescimento.

Os ensinamentos sobre a atuação de mulheres em cargos de liderança no ambiente corporativo e como superar barreiras cotidianas também impactaram de maneira positiva Beatriz Januário, que atua no escritório FCR Law, e que também teve sua primeira experiência como mentorada. “O contato com uma pessoa que trabalha há mais tempo, como a Verena Lorenz, na área de recrutamento, pôde oferecer uma visão mais ampla dos processos, além de contribuir para o entendimento de que a carreira é feita de pequenos passos e que deve ser construída ao longo do tempo”, observa.

Da criação do Mais Por Elas à atuação como mentora

Maria da Paz foi uma das pessoas que participaram ativamente da criação do Mais por Elas, desde a atuação em diversas frentes sobre a idealização do projeto e na comissão de diversidade e inclusão da CCBC. Durante a fase de desenvolvimento, as equipes tiveram todo o cuidado de decidir como seria realizado. “O programa foi desenhado para as mulheres e eu pude acrescentar a minha experiência anterior como mentora de programas com comunidades vulneráveis. Noto muitos progressos. A partir do momento em que as mulheres se conhecem melhor, passam a contribuir muito mais com as organizações, de uma forma diferente de tratar negócios e cliente”, explica.

Ela ressalta a construção coletiva realizada pelo projeto e a preocupação da Câmara em preparar os mentores por meio de treinamento com profissionais altamente capacitados. “A CCBC nos deixou bastante à vontade para conduzir o projeto, e isso foi um ponto muito positivo, pois o programa pode ser adequado às necessidades de cada mentorado”, revela.

Para o futuro, a executiva acredita ser fundamental levar o programa para mulheres mais vulneráveis. “A multiplicação social é importante. É preciso ter um olhar mais empático e dividir experiências”, considera.

Para 2024, a CCBC quer expandir o programa com a inclusão de mulheres carentes e as que atuam no comércio internacional. “A mentoria traz ganhos significativos para o crescimento profissional e pessoal, para que as mulheres se reconheçam como profissionais competentes. O projeto também favorece o networking, que traz ganhos significativos para a carreira. A CCBC quer ampliar ainda mais sua atuação com o Mais Por Elas, ajudando um número maior de profissionais a conquistarem posições de liderança”, avalia Cássia Regina Vanicola, Chief Operation Officer da CCBC & CAM-CCBC e mentora.