amazônia para sempre

Projetos de ecoturismo ajudam a preservar a floresta e colaboram com populações ribeirinhas

 

Por Nathalia Molina e Fernando Victorino

Extrair da floresta o melhor a partir de sua conservação, em uma atividade em que todos ganham, especialmente um dos mais ricos biomas do mundo. Ensinar quem visita a Amazônia a respeitar o meio ambiente que os recebe colabora de forma decisiva para a construção de um ecoturismo responsável e o sustento de populações ribeirinhas.

A ação de empresários do turismo pela preservação ambiental inclui tanto medidas ecologicamente corretas em seus empreendimentos quanto o emprego de mão de obra local, que é uma ferramenta fundamental de desenvolvimento social. Na Amazônia, hotéis de selva e expedições fluviais ajudam a conscientizar moradores e visitantes e contribuem para evitar os desastres ambientais.

“Os profissionais do setor de viagens não só mostram ao mundo as belezas do bioma amazônico e a importância de sua preservação, como muitas vezes atuam diretamente no combate ao desmatamento e às queimadas. Seja com seus colaboradores agindo como voluntários em ações de enfrentamento dos problemas, seja com doações de recursos para as populações atingidas e ONGs”, afirma Caio Fonseca, diretor dos hotéis Juma.

Ele conta que oferece aos funcionários palestras sobre proteção da Amazônia, abordando temas como reciclagem e redução de desastres ambientais. “Dos nossos colaboradores, 90% são locais, e isso contribui com a geração de renda e com o entendimento de que é necessário conservar a floresta.”

Fundado há 20 anos, o hotel de selva Juma Amazon Lodge está localizado em uma área de 7 mil hectares, a cerca de três horas da capital amazonense, Manaus. “A ideia é enxergar a floresta como prioridade dentro da experiência imersiva, mantendo o equilíbrio ecológico. Os bangalôs proporcionam o conforto necessário, sem excessos, e a infraestrutura conta com 40 painéis fotovoltaicos e 72 baterias para garantir energia elétrica, reduzindo o uso de geradores convencionais”, diz Fonseca.

Em 2020, o Juma Amazon Lodge ganhou o prêmio Abeta Brasil Natural na categoria Sustentabilidade, concedido anualmente pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura. O hotel de selva tem sistema de aquecimento de água também solar, estação de tratamento de esgotos e central de resíduos para separação do lixo. Durante a hospedagem, os viajantes são estimulados a interagir de forma respeitosa com a natureza e, nas atividades, a plantar uma árvore para contribuir com o ecossistema.

Também na Amazônia, a Expedição Katerre realiza desde 2004 roteiros fluviais em harmonia com as comunidades ribeirinhas. Os programas de três a sete noites exploram o Rio Negro e seus afluentes – Jaú, Apuaú, Jauaperi e Aracá. As duas embarcações partem de Novo Airão (a 200 quilômetros de Manaus), município cuja área tem 85% de sua extensão protegida por algum tipo de Unidade de Conservação. “Nossas embarcações são restritas a até 16 passageiros. A Expedição Katerre tem o turismo de base comunitária em seu DNA”, afirma Ruy Tone, um dos sócios.

De acordo com ele, a população é protagonista nas atividades de ecoturismo, o que dá autenticidade às vivências. “Na comunidade de Cachoeira do Jaú, na época da cheia, canoeiros conduzem os visitantes pelas trilhas aquáticas nos igapós e compartilham sua sabedoria sobre a

fauna e a flora”, conta. “Observar o modo de vida simples dessas famílias, visitar uma casa de farinha e uma escola comunitária, provar um pescado do dia… As visitas às comunidades estão entre os passeios mais interessantes e pedidos pelos visitantes. Muitos ribeirinhos contam com essa atividade para seu sustento.”

“É uma responsabilidade das empresas participar ativamente em pilares socioambientais, vetores essenciais para o trabalho de preservação da floresta”

O sócio da Katerre acredita que o turismo sustentável é fundamental para a manutenção do desenvolvimento da Amazônia, gerando renda e preservando a floresta. “É uma responsabilidade das empresas participar ativamente em pilares socioambientais, vetores essenciais para o trabalho de preservação da floresta.” Entre eles, Tone destaca demandas da área urbana da cidade, das comunidades ribeirinhas, da floresta e dos rios.

Na região onde a Katerre atua, um projeto iniciado há 17 anos pelo professor escocês Paul Clark, em parceria com a Associação dos Artesãos do Rio Jauaperi (AARJ), entre os estados do Amazonas e de Roraima, mobiliza voluntários locais. Eles fazem a fiscalização ao longo do rio contra a ação de traficantes e caçadores ilegais de quelônios de água doce. Existem 16 espécies, mas quatro (iaça, irapuca, tracajá e tartaruga) são mais ameaçadas por desovarem em praias.

“É uma dedicação contínua de quase cinco meses, da colheita dos ovos até a soltura dos filhotes. Em 2020, cerca de 3 mil filhotes de quelônios foram devolvidos à natureza em segurança. Assegurar a existência dessas espécies é garantir a manutenção de toda a biodiversidade amazônica.”

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